Introdução
No início da mensagem, fomos lembrados que encerramos uma série de reflexões “Sobre viver e não se perder”, e não como continuidade, mas fazendo uma conexão, foi abordado o tema “Sobre perder-se e ser encontrado”, pois em algumas situações, nós nos perdemos, procurando orientações longe do caminho de Deus.
O carnaval é uma festa importante em nossa cultura, que influencia nossas vidas. O tema de uma das escolas de samba deste ano, a “Salgueiro 2023: Delírios de um paraíso vermelho”, propõe um “paraíso individual”, onde cada um busca como quer viver, com a figura de um casal na capa, com plantas carnívoras ao fundo e uma serpente ao redor deles e o fruto mordido. Todas elas, neste ano, escolheram temas religiosos e espirituais. Isso prova como é desafiador esse tempo que estamos vivendo em nossa cultura como cristãos.
“Cada um tem um paraíso só para si.”
Ao longo da história, várias pessoas tentaram construir esse paraíso para si. Essa aspiração nunca deu certo, basta voltarmos ao Éden para conferir. Uma vida sem restrições, como sempre se sonhou, sem pecados. Seria o máximo…, mas, as promessas que fazem não se concretizam.
Em 1967, os Beatles lançaram um álbum intitulado Strawberry Fields Forever (Campos eternos de morangos), que traz uma metáfora que faz alusão à mesma proposta da escola de samba.
Na década de 80, um autor chamado Caio Fernando Abreu, que foi um ícone da contracultura da época, publicou um livro de contos chamado “Morangos Mofados”, fazendo oposição aos Beatles. Sentimos ânsia e vômitos dessa cultura, que se reflete em nosso carnaval.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, que resultou num livro (2009), com adolescentes cristãos sobre a vida religiosa e espiritual concluiu que uma nova religião estava surgindo entre ele, o Deísmo Terapêutico Moralista:
1. Existe um Deus que criou e ordenou a vida;
2. Deus quer que as pessoas sejam boas;
3. O objetivo central da vida é ser feliz;
4. Deus é envolvido apenas quando há problema;
5. Pessoas boas vão para o céu.
Essa transformação radical da teologia cristã e da crença cristã substitui a soberania de Deus pela soberania do eu. Nesta era terapêutica […] doutrinas tão centrais […] são descartadas como fora de sintonia com os tempos e inúteis para o projeto de autorrealização. (Dr. Albert Mohler).
Alguém que se perdeu e foi encontrado: Sansão.
O contexto do livro de Juízes mostra:
1. A influência dos povos vizinhos – uma vez que não foram totalmente expulsos na conquista das terras com Josué, influenciaram religiosa, espiritual, social e culturalmente a nação de Israel;
2. Situação cultural, social e espiritual – como resultado dessa influência – Jz 21.25 “cada um fazia o que lhe parecia certo.”
O contexto da vida de Sansão:
1. Opressão dos filisteus – durante muitos anos.
2. Nascimento milagroso – a mãe é estéril; seu nascimento foi como os de Samuel, João Batista e o próprio Jesus.
3. Consagração – era nazireu: não cortar cabelo, não beber da videira, não tocar em cadáveres.
Três razões pelas quais ele se perdeu:
1. Impulsividade
a. Jz 14.1 – apetite dos olhos. Jesus diz que “os olhos são a lâmpada do corpo” – somos o que nossos olhos consomem.
b. Jz 14.3 – critérios próprios. O autor de Provérbios nos aconselha a não confiarmos em nosso próprio entendimento.
c. Jz 16.4 – desejos desordenados. Deus nos deu esses desejos, mas estão debaixo da rebelião e autonomia por causa do pecado.
2. Irreverência
a. Jz 14.8,9a – desprezo da vocação. Todos temos uma vocação dada por Deus.
b. Jz 15.18 – relação utilitarista. Relacionamo-nos com Deus de modo interesseiro, o oposto da oração do Pai Nosso. “Arrogante, prepotente, utilitarista.”
c. Jz 16.17 – alienação da aliança. Vivemos como quem não tem aliança com Deus, em sua morte e ressurreição. “Deus é qualquer um.”
3. Soberba
a. Jz 16.20b – autoconfiança tola. Achou que o poder estava nele, e não em Deus. Deus é nossa fonte de poder.
b. Jz 16.20c – engano do sucesso. “As pessoas mais bem sucedidas do mundo geralmente são as que vivem mais longe de Deus” [Tim Keller].
c. o eclipse: Sansão = “pequeno sol” + Dalila = “da noite” (laylah). “Sansão está deitado na cama da ‘noite’. E essa será sua derrocada.” Tim Keller
Impulsividade, irreverência e soberba – só os deuses do deísmo terapêutico moralista permitem que vivamos assim. Esse caminho nos leva para o buraco.
Jz 16.21,25b
Impulsividade = Olhos furados;
Irreverência = Girar Moinho (era trabalho feito por animais);
Soberba = Tornar-se Diversão.
“Sansão está no templo de Dagom por causa de sua incapacidade de viver sob o senhorio de Deus e para a sua glória. Sua derrota é resultado de sua desobediência.”
Tim Keller
Havia esperança para Sansão:
Jz 16.22 “mas, logo o cabelo de sua cabeça começou a crescer de novo.”
Jz 16.28 “Soberano Senhor” – o nome da aliança, lembrou-se de quem ele era.
Inclusive foi citado na Galeria da Fé – Hb 11.32-34.
“[A narrativa sobre Sansão] começa com um homem forte que se mostra fraco e termina com um homem fraco que se mostra forte.”
David Jackman
Jesus o encontra em sua fraqueza
Jesus morreu como Sansão, mas não viveu como ele. E Ele ressuscitou, e pode nos encontrar nos momentos mais escuros da nossa vida, no templo de Dagom.
Para refletir e praticar:
- Viva ORIENTADO pela Palavra de Deus (diferente do apetite dos olhos, dos critérios próprios, dos desejos desordenados).
- Viva em REVERÊNCIA diante de Deus (diferente do desprezo da vocação, da relação utilitarista, da alienação da aliança).
- Viva CONFIANDO em Deus (diferente da autoconfiança tola, do engano do sucesso, do eclipse).
Para ler durante a semana
Segunda-feira – Juízes cap. 12
Terça-feira – Juízes cap. 13
Quarta-feira – Juízes cap. 14
Quinta-feira – Juízes cap. 15
Sexta-feira – Juízes cap. 16
Para consolidar