UMA INTRODUÇÃO A SÉRIE
Para conversarmos a respeito do tema “Revolução Silenciosa”, é inevitável não mencionar Raymond Aron, filósofo e sociólogo francês (14/03/1905 – 17/10/1983) que, na segunda metade de 1950 começa a observar o que está acontecendo na Tchecoslováquia em termos políticos, econômicos, sociais e culturais, e percebe que está acontecendo uma revolução. Com isso, compara com outras revoluções (Francesa, russa etc) e sistematiza as marcas das Grandes Revoluções.
As marcas das grandes revoluções
- Problema (identificam um problema que precisa ser solucionado);
- Proposta (de solução – faz parte de toda revolução);
- Destino (onde queremos chegar? Que tipo de sociedade queremos construir?);
- Consequências (toda grande revolução experimenta consequências não previstas, desastrosas e sangrentas, que maculavam a proposta e não alcançavam seu objetivo, inviabilizando a chegada no destino).
Na segunda metade de 1960, ele conclui que há um desejo de evitar ao máximo as consequências desastrosas, e cunha o termo “Revolução Silenciosa”, que acontece de forma mais lenta, de baixo para cima – subvertendo as estruturas gradativamente, mesmo tendo o problema, a proposta e o destino.
Saindo, mas ainda dialogando com a ideia do autor, a proposta feita de algumas marcas de algumas revoluções, grandes ou não, são:
- Uma proposta, que trocaremos por uma mensagem;
- Um destino, que trocaremos por uma esperança;
- E uma comunidade, que está numa relação cíclica com a mensagem, e é moldada por ela, em sua missão, seus valores e sua identidade.

UMA COMUNIDADE
“Vocês, porém, são
1 Pedro 2.9,10
geração eleita,
sacerdócio real,
nação santa, povo exclusivo de Deus,
para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus;
não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.”
O contexto da carta: comunidades cristãos vivendo e meio a uma cultura avessa e muitas vezes hostis aos valores de Jesus
O contexto da carta aponta para judeus em suas comunidades de fé que são espalhados pela perseguição que emerge, e eles são dispersos pela Ásia Menor. Mas não vivem sozinhos, eles formam pequenas comunidades, e os gentios começam a fazer parte delas por causa da pregação da ressurreição de Jesus. É para eles que, especificamente, Pedro escreve sua carta.
“Vocês, porém, são …”
Essa é a identidade deles, um contraponto à linguagem do primeiro século, onde a cultura é avessa aos valores e princípios que professam, que é hostil aos valores de Jesus. Essa carta também tem muita relevância e desafios pra nós hoje.
Primeiramente repare na diferença da cultura no Século I para o século XXI. Na primeira a comunidade tem lugar central na vida das pessoas, atualmente o valor é à individualidade. Indivíduos que tem a marca da ruptura nas relações.
E por mais que vezes pessoas tentem nos convencer que a nós somos maioria e que a cultura consequentemente é nossa. O fato é que ela não é! Não apenas porque a cultura afirma valores sobre sexualidade distintos dos nossos, mas porque no seus pressupostos a cultura é radicalmente diferente dos nossos pressupostos. Em outras palavras os deuses da cultura são a individualidade, autonomia e felicidade (entre outros).
SUGESTÃO PARA O LÍDER: Trabalhar com seu GP algumas ações de individualidade e autonomia, orientando à comunhão. Como família estendida, oferecer ajuda e oração.
Uma mensagem que forma uma comunidade
Por mais que trataremos sobre o tema “Uma Mensagem” no próximo domingo, por conta dessa relação cíclica entre mensagem e comunidade não podemos passar desatentos sobre a ênfase de Pedro no versículo 10 do capítulo 2:
“Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus;
1 Pedro 2.10
não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.”
Em resumo aqueles que não eram povo, agora são parte do Povo de Deus porque receberam misericórdia da parte de Deus. Mas agora por eles fazem parte deste povo, a vida deles não será mais como antes. E aqui cabe perfeitamente a citação do Phillp Yancey que de tempos em tempos aparece em nossa comunidade.
Deus te ama o bastante para te aceitar do jeito que você está.
Phillp Yancey
Mas Deus te ama demais para permitir que você continue do mesmo jeito.
Mas é interessante perceber que essa mensagem não apenas forma/molda a comunidade ela faz uma afirmação categórica:
“Vocês, porém são:
1 Pedro 2.9
[…]
povo exclusivo de Deus
[…]“
SUGESTÃO PARA O LÍDER: Trabalhar com seu GP o ponto de que a cultura atual muitas vezes nos define a partir do que possuímos, enquanto a histórica bíblica nos define a partir de a quem pertencemos.
Privilégio e Responsabilidade
Neste ponto precisamos resgatar a grande história que a Bíblia conta, em especial o texto de Gênesis 12.1-3 quando Deus escolheu Abrão para a partir dele formar um povo. Repare no texto abaixo como o privilégio da eleição vem antes, mas vêm de mãos dadas com a responsabilidade.
Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
Gênesis 12:1-3
“Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção.
Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”.
SUGESTÃO PARA O LÍDER: Trabalhar com seu GP o problema de quando desassociamos privilégio de responsabilidade. Pois privilégio sem responsabilidade gera pessoas displicentes para com a vida. E responsabilidade sem privilégio gera pessoas legalistas, que perderam o coração, em outras palavras não sabem o por quê fazem, o que fazem e como fazem.
Excelência como caminho de sinalizar quem Deus é na história, mas também como caminho de viver em adoração a Ele
“Vocês, porém são:
1 Pedro 2.9
[…]
sacerdócio real
[…]“
Aqui a maioria dos comentaristas bíblicos apontam duas interpretações possíveis. Para efeitos de aproveitar melhor o tempo iremos focar na segunda interpretação, representada principalmente pelo N.T. Wright e sua ideia de imagem dupla: reis e sacerdotes. Vide a imagem abaixo:

SUGESTÃO PARA O LÍDER: Aqui está uma grande oportunidade para desafiar cada integrante do grupo a testemunhar como e onde vivemos que pode sinalizar o Rei a quem servimos e como o adoramos em atividades ordinárias.
E quem vive desta forma, vive em excelência:
“Excelência não significa perfeição. Mas sim, entregar o melhor a partir de quem somos e temos.”
Ricardo Agreste.
Separado de Para
“Vocês, porém são:
1 Pedro 2.9
[…]
nação santa
[…]“
Santidade não apenas carrega um sentido de separado, e consequentemente de coisas que não devemos fazer. Mas principalmente carrega o sentido de que fomos separados para um propósito. E Pedro é claro quanto a esse propósito.
[…]
1 Pedro 2.9
para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
SUGESTÃO PARA O LÍDER: Trabalhe com o GP o desafio/proposta do BLESS
PARA REFLETIR E PRATICAR:
- Faça parte dessa Revolução Silenciosa.
- Seja intencional em comunicar a vida em Jesus.
- Viva com excelência.
- Não se esqueça do privilégio.
PARA CONSOLIDAR
Reflexão
Chácara Talk
PARA LER DURANTE A SEMANA
Segunda-feira: Gênesis 12.1-3
Terça-feira: Êxodo 19.1-8
Quarta-feira: Isaías 43.21
Quinta-feira: 1 Pedro 2.1-8
Sexta-feira: 1 Pedro 2.9-10