O caminho da reverência: celebrando a graça, exercitando o temor

Sobre a série

Esta série é um REMAKE, ou seja, uma nova versão de uma série já ensinada na Chácara Primavera sobre a vida de Davi. Ela nos ensina que a história da vida de Davi não é sobre como ser um homem grande e admirável, mas sim como Deus é gracioso e presente com ele e sua família.

Recordando a mensagem

Nossa comunidade se firma na concepção de que Deus é gracioso; não merecemos estar aqui.

“Deus nos ama o suficiente para nos receber como estamos, mas nos ama demais para permitir que continuemos como estamos.”

Phillp Yancey

Em Provérbios 3.10,11, podemos perceber que a disciplina do Senhor faz parte da graça, sendo a expressão do cuidado de Deus, como o Pai que ama. Esse mesmo texto é citado pelo autor de Hebreus, complementando que devemos ser agradecidos, adorando a Deus de forma aceitável, com temor e tremor. A reverência e o temor fazem parte de toda relação saudável.

DO DESERTO AO PALÁCIO

Desde a última reflexão para esta, demos um salto na história de Davi, mas temos que mencionar os fatos, para que consigamos dar andamento ao contexto:

Davi se exila entre os filisteus, e uma das batalhas que estes travam com o povo de Israel resultam na morte de Saul e seu filho Jônatas, o amado amigo de Davi.

Davi é feito Rei de Judá por alguns anciãos da tribo, no mesmo momento em que Abner, chefe do exército de Saul, temendo perder seu cargo e poderes, nomeia Is-Bosete, um dos filhos de Saul como rei de Israel. Isso gera conflitos entre Is-Bosete e Davi, e por meio de traição dos seus, Is-Bosete é morto.

Por fim, Davi é feito rei de todo o Israel, invade e conquista a cidade dos jebuseus – Jerusalém – e a faz a cidade do seu reinado, e de uma vez por todas acaba com a guerra contra os filisteus que durava décadas, celebrando a vitória.

A ALIANÇA EXPLICITADA

Explicitar: tornar claro, evidente, manifesto; tirar toda dúvida ou ambiguidade. Assim, era evidente que o centro da vida de Davi era o Senhor.

Por exemplo, em Atos 11.26 – os cristãos foram chamados pela primeira vez de cristãos pois as marcas de Cristo em suas vidas eram evidentes; o caráter e os valores e princípios de Cristo eram vistos em suas vidas. A palavra grega é o diminutivo de Cristo, pequeno Cristo.

SUGESTÃO PARA O LÍDER: Como estamos vivendo nossos dias? Nossas ações e comportamento têm demonstrado que somos ‘pequenos Cristos’? Nosso comportamento revela as marcas de Cristo em nós, seja qual for o lugar em que estejamos?

2 Sm 6.1-2 diz: “… para buscar a arca de Deus.” A busca pela arca revela a prioridade de Davi, e ela era pública. Todos estão vendo que ele ama a Deus. A arca representa a presença de Deus, e foi construída pelo povo hebreu na peregrinação no deserto. Todos os detalhes foram dados por Deus.

O que tinha dentro da arca?
1. As tábuas da Lei – significando a orientação de Deus ao longo da vida;
2. Um vaso com maná – significando o sustento e o cuidado de Deus dia a dia;
3. A vara de Arão – instrumento inusitado que surge num contexto de rebelião – é símbolo da disciplina de Deus.

Isso revelava ao povo o temor sagrado a Deus – ela é manifestação da graça de Deus, com orientação, sustento e disciplina. Nada pode ser feito de acordo com o que o homem quer.

O TEMOR SAGRADO

Em 1 Sm 5 e 6 encontramos o relato do roubo da arca. Ela ficou 30 anos longe, até que Davi decide buscá-la. Quando ela é roubada do povo de Israel ela é levada primeiro para Asdode: é colocada no Templo de Dagom, e na manhã seguinte, a estátua está prostrada diante da arca, e os homens estão com úlceras na pele. No dia seguinte, a estátua está partida no chão diante da arca. Eles se recusam a continuar com a arca.Vai para Gate: lá o povo também tem problemas com úlceras na pele e mandam a arca para Ecrom. Em Ecrom: o povo não aceita a arca lá, pois tem ouvido os acontecidos nas outras cidades dos filisteus. ‘Ela não deveria estar em território filisteu.’ Organizaram um cortejo para devolvê-la.

A arca chega sozinha em Bete-Semes: cidade sacerdotal. O povo está na colheita, e muito se alegra com a chegada da arca, que veio num carroção puxado por animais. “A presença de Deus está em nosso meio novamente!” Mas, alguns curiosos olham para o interior da arca, com irreverência, e 70 homens morrem.

Dali, a arca segue para Quiriate-Jearim, onde vai ficar aos cuidados do sacerdote Abinadabe, até que Davi vá buscá-la.

Na Lei, registrada em Números 4.15, Moisés revela detalhes de como Deus queria que a arca e todos os utensílios do Tabernáculo fossem manuseados: Arão e seus filhos cobriam a arca, os coatitas carregavam pelas varas, sem tocar na arca, com reverência. –  ou então morreriam. Deus os convida a viver a partir de seus princípios.

“A história da arca é de como a presença de Deus é graciosa, mas precisamos ter reverência, para que essa graça não se manifeste em disciplina.”

Ricardo Agreste

Em 2 Sm 6.3,4 encontramos:

“Puseram a arca de Deus num carroção novo” – Em nome da praticidade perdemos o princípio!

“Uzá e Aiô conduziam o carroção” – Muita habilidade com o carroção e pouca intimidade e reverência para com Deus.

A irreverência não está na forma, mas no coração. A familiaridade com a religião torna o homem irreverente, com o coração longe. “Uzá esticou o braço e segurou a arca de Deus” – eles conviveram 30 anos com a arca em casa. Ela se tornou familiar demais, e eles perderam a reverência para com a presença de Deus. Na força do hábito, ele quis segurar e proteger a arca, como se fosse ele que cuidasse de Deus, quando na verdade era Deus que cuidava deles. Para o leitor desatento, pode parecer que foi reflexo dele querer segurar a arca – que deixou de ser o símbolo da presença de Deus, mas ele foi irreverente, esqueceu que a arca foi até eles sozinha.

SUGESTÃO PARA O LÍDER: Como estamos lidando com a presença de Deus em nossas vidas? Estamos tão familiarizados, ou temos tanta habilidade com as coisas de Deus, que perdemos a sensibilidade de reverenciá-lo?

2 Sm 6.7 diz: “por seu ato de irreverência…”–foi alvo da disciplina de Deus. Em nome da intimidade perdemos a reverência. Nos lembramos de um acontecido parecido em Atos dos Apóstolos 5.1-11. Ananias e Safira também morreram.

“Quanto mais medito na graça que me alcançou, mais reverente me torno. Quanto menos medito na graça, mais irreverente serei.”
Ricardo Agreste

A FRUSTRAÇÃO CONSTRUTIVA

Em 2 Sm 6.8,9 “Davi ficou contrariado” – Deus é um Pai que não se preocupa em frustrar seus filhos, diferentemente dos pais da atualidade. Deus não tem pressa, e Ele sabe que as frustrações fazem parte do processo de maturação do indivíduo. Nas frustrações, aprendemos a lidar com as emoções, e temos equilíbrio sobre elas.

SUGESTÃO PARA O LÍDER: Como lidamos com as frustrações? Imaginamos que, sendo filhos de Deus, teremos tudo que quisermos? E quando isso não acontece, qual é nosso comportamento diante do nosso Pai?

“Naquele dia, Davi teve medo do Senhor” – Davi conheceu uma face de Deus a qual não conhecia, ele reavalia sua vida. Entendeu que precisava levar Deus a sério!

2 Sm 6.10,11 relata que “A arca ficou lá por três meses. E o Senhor abençoou…” – O mesmo Deus que mata é o que abençoa. Davi teve esse tempo pra pensar. O ponto de referência que muda a história é o senso de reverência, a maneira como se lida com a presença de Deus.

A GRANDE FESTA

2 Sm 6.12 nos conta: “Então Davi, com grande festa…”–o texto paralelo de 1 Crônicas 15 e 16 dá detalhes deste episódio.

Em 1 Cr 15.11-13 encontramos mais detalhes deste mesmo evento, veja: “Nós não o tínhamos consultado.” – Davi tinha desenvolvido a prática de consultar a Deus, mas ele reconhece que agiu a partir de sua própria ideia, ou seja, irreverência. Neste tempo em que a arca fica na casa de Obede-Edom ele consegue refletir mais profundamente em sua vida.

2 Sm 6.13: “carregavam a arca…” – os homens, pelas varas, não no carroção. Voltaram ao princípio, como Deus havia orientado. Aqui eles estavam tendo a reverência que não tiveram da primeira vez.

O relato detalha que “a cada seis passos, ele sacrificava” – o trecho era de aproximadamente 12 Km. Eles iam celebrando a graça de Deus. Estavam atenciosos por causa da morte de Uzá, e iam sacrificando um boi e um novilho – um momento de adoração.

2 Sm 6.14,15 deixa claro que o problema não era a dança. Ele estava sendo extravagante, pois lembrava-se de quem era, e que Deus o escolheu e esteve com ele em sua vida. Isso fez com que Davi ficasse tão eufórico e não limitado. Ele se alegra perante o Senhor!

No versículo seguinte, 2 Sm 6.16: “E, ao ver Davi dançando e celebrando perante o Senhor, ela o desprezou em seu coração.” Mical não participa da festa, está distante. Tenta impor limites à adoração de Davi. Ela não reconhece a graça de Deus.

Duas histórias paralelas podem ser lembradas aqui: Lucas 7.36-50 – a mulher “pecadora” diante dos fariseus que a acusavam por seu ato de adoração a Jesus; e Lucas 15.11-32 – o pai “extravagante”, que ouviu o irmão mais velho declarar a inutilidade daquela festa para o irmão que havia saído de casa e agora estava de volta.

“Quem muito foi perdoado, muito ama.” – Quem reflete no tamanho da graça de Deus sobre si, adora e serve com extravagância.“Quem tem profunda consciência do que Deus fez, serve, adora e contribui com extravagância!”

Os que pensam que foi exagero não reconhecem a graça de Deus. Ficam ofendidos e perdem a percepção do que Deus fez em suas vidas.

SUGESTÃO PARA O LÍDER: Em qual das histórias podemos nos ver? Quem somos nós, os limitadores ou os extravagantes?


ASSIM, temos os seguintes desafios para refletirmos e praticarmos:

1. Olhe para o passado e celebre a graça.

2. Olhe para o presente e exercite o temor.

“Responda à graça com reverência.”

Ricardo Agreste

Para estimular a conversa

1. Quais os pontos que mais chamaram a sua atenção na reflexão deste domingo e por quê?

2. Diante de tudo que foi ouvido qual o principal desafio que você traz para você e por quê?

3. Como você pretende lidar com esse desafio? Seja o mais concreto possível respondendo, para isso tente responder essas perguntas por partes, respondendo outras três perguntas: Por quê? Como? O quê?

Para ler ao longo da semana

Segunda-feira: 1 Samuel 29, 30 e 31
Terça-feira: 2 Samuel 1 e 2
Quarta-feira: 2 Samuel 3 e 4
Quinta-feira: 2 Samuel 5 e 6
Sexta-feira: 1 Crônicas 15 e 16

Para Consolidar

Reflexão
Slides
Chácara Talk

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